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sexta-feira, 18 de maio de 2012

VALOR DA CATEQUESE FAMILIAR

Religiosos destacam importância da catequese familiar

Jéssica Marçal
Da Redação


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A importância dos pais é eles passarem para seus filhos esse amor que eles mesmos têm por Deus, comentou a catequista Rosa
A solução para tantos problemas que a família enfrenta hoje pode estar dentro da própria família. A maior presença dos pais na vida de seus filhos, em especial na iniciação da criança na vida religiosa, pode ser um caminho para os filhos aprenderem valores que possam transformar a realidade social.

O início da vida religiosa da criança geralmente acontece na catequese, mas se engana quem pensa que está é uma tarefa da Igreja. A coordenadora da catequese de Primeira Eucaristia na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Lorena (SP), Rosa Helena Gonçalves Valentim Correa, diz que o processo começa diretamente em casa desde quando a criança nasce, sendo os pais os primeiros catequistas de seus filhos.

Rosa defende que essa presença dos pais é importante, principalmente tendo em vista o papel desempenhado por eles. “Ensinar a Palavra, o amor, primeiramente a Deus, também à Igreja e ensinar também o respeito. Tudo isso vem de casa então a importância dos pais é eles passarem para seus filhos esse amor que eles mesmos têm por Deus”, disse a catequista.

O grande problema, segundo Rosa, é que hoje os pais não têm tempo para ensinar os filhos e estão muito distantes. “Eles (os pais) não dão muita importância e querem jogar os filhos para a Igreja para eles aprenderem”, comentou.

Catequese familiar

O assessor da Comissão Episcopal para Vida e Família da CNBB, padre Wladimir Porreca, não só reforçou a importância dos pais na vida religiosa dos filhos como destacou a necessidade de se ter uma catequese familiar.

“Eu defendo que a catequese seja formada por pais. A Igreja vai instruir esses pais e se precisar dar uma segunda catequese. Temos de ajudar os pais a educar os seus filhos, e não educar os filhos para os pais”, enfatizou. Ele completou dizendo que, quando isso não acontece, está havendo aí também uma terceirização da religião.

Padre Wladimir ressaltou ainda que a fala dos pais marca profundamente a criança de forma que, mesmo com o passar do tempo e das adversidades da vida, ela não se esquece jamais. Ele contou que há muitos anos existe um alerta por parte do Papa João Paulo II, hoje beato, e de outros papas no sentido de voltar a um princípio que a Igreja primitiva exercia tão bem: a catequese deve ser dada em família. “É na família que se educa para a vida, para a fé, para a esperança e para a caridade”, afirmou.


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A família, como Igreja doméstica, é berço para a iniciação à fé, destacou Dom Tarcísio
Ensino Religioso


Além dessa iniciativa na família, as escolas também são um canal para que a criança tenha esse aprendizado religioso necessário. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 garante o Ensino Religioso nas escolas da rede oficial de ensino.

 De acordo com o bispo referencial para o Ensino Religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Tarcísio Scaramussa (SDB), que é bispo Auxiliar de São Paulo, a Igreja sempre se interessou pela educação completa, incluindo a que é realizada na escola, e vem acompanhando as questões que visam à regulamentação e prática do Ensino Religioso no Brasil.

“O Ensino Religioso ajuda a pessoa a situar-se no mundo, em suas relações consigo mesma, com os outros, com o mundo, e com Deus, o Transcendente. Também oferece referências para as escolhas da vida, para a identidade pessoal e a descoberta do sentido da vida”, disse o bispo.

Dom Tarcísio lembrou que, uma vez garantido por lei, o primeiro papel da família é exigir o ensino religioso na escola. “A lei diz que o Ensino Religioso é facultativo para o aluno. Portanto, no momento da matrícula, os pais devem matricular seus filhos no Ensino Religioso. Às vezes a escola não pergunta a respeito, e depois pode alegar que não há alunos matriculados e interessados na matéria”, disse o bispo.

Catequese x Ensino Religioso

O bispo auxiliar de São Paulo lembrou que existe uma diferença entre ensino religioso e catequese. O primeiro refere-se à assimilação sistemática e crítica da cultura, com linguagem adequada ao ambiente da escola, que é diferente da paróquia. Já a catequese busca o aprofundamento e amadurecimento da fé.

“O específico da catequese é ser um ministério profético da Palavra, que promove a educação na fé, em busca de sua maturidade, no seio da comunidade eclesial, inspirando-se na metodologia de Jesus, o Mestre que forma discípulos”, explicou.

O bispo ressaltou, porém, que o Ensino Religioso da escola não substitui o papel prioritário da família na educação religiosa dos filhos. “Esta deve acontecer em todas as fases do desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, a começar da mais tenra infância, antes ainda do período da escola”.

Da mesma forma, ele disse que a catequese oferecida por uma comunidade de fé não substitui nem dispensa a catequese familiar. “A família, como Igreja doméstica, é berço para a iniciação à fé. A família que vive e testemunha a fé é uma sementeira de cristãos autênticos”.

Vivência

A dona de casa Sandra Regina Silva de Oliveira, casada há 19 anos, contou que vive essa experiência de ensinar princípios religiosos aos seus filhos. Ela é mãe de três meninos e uma menina e revelou a importância dessa educação religiosa em sua família.

“A importância é manter os filhos no caminho de Deus desde cedo, pra mantê-los firme e forte pra enfrentar os obstáculos que a vida nos reserva”.

Sandra acredita que a educação religiosa é um grande auxílio para a família conseguir enfrentar seus problemas cotidianos. “Pode ajudar porque assim os filhos passam a temer mais a Deus, não ter medo, mas sim a temer. Estando firmes na fé com Deus, eles passam a ter mais contato com as coisas de Deus, com Sua Palavra, a colocar em prática essa Palavra e os mandamentos. Nós (pais) tentamos passar isso pra eles”.

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